Arraia de Água Doce

 

Olá pessoal! Falarei neste post sobre a arraia ou raia de água doce, um animal belíssimo e muito interessante para ser criado em aquários. No entanto, não é nada fácil de se manter em cativeiro. Saiba mais logo abaixo.

Os membros da família Potamotrygonidae não são indicados para serem mantidos em qualquer aquário. Podem ser chamadas de arraias ou raias. São animais cartilaginosos, assim como os tubarões.

As raias são muito próximas dos tubarões, do ponto de vista filogenético, de tal forma que são incluídos na mesma Classe (Elasmobranchii), por isso a divisão entre raias e tubarões é meramente morfológica. São semelhantes aos tubarões-serra (Pristiophoriformes), por terem também a maxila superior transformada numa serra, mas os segundos têm as fendas branquiais dos lados do corpo, por trás das barbatanas peitorais; além disso, estes últimos têm um par de barbilhos na serra e dentes desiguais.

As arraias de água doce, que abordarei neste artigo, pertencem ao grupo Potamotrigonídeos (Potamotrygonidae). Estas estão divididas em quatro gêneros: Paratrygon, Pleisiotrygon, Potamotrygon e Heliotrygon.

As raias de água doce da família Potamotrygonidae são restritas à América do Sul, onde ocorrem nos principais sistemas fluviais.

Um aquário para uma Arraia de Água Doce deve possuir algumas características que serão fundamentais para a manutenção do animal, começando pelo substrato que deve ser de areia neutra bem fina, isso porque a Arraia gosta de se enterrar na areia para se sentir mais protegida, chegando até a ficar da cor do fundo no caso de algumas espécies, além disso a areia é seu principal local de alimentação, onde ela revolve em busca de microorganismos, entre eles pequenos crustáceos e moluscos, e não será porque é mantida em um aquário que vai perder este hábito. Um substrato diferente a impedirá de se comportar de maneira natural, podendo até ferí-la em alguns casos.

O tamanho do aquário também é importantíssimo, é necessário deixar boa parte do aquário livre de pedras e troncos para a Arraia "deslizar" pelo fundo, unindo isso ao fato de algumas espécies chegarem a um metro de diâmetro, imagine só o tamanho que deverá ser o aquário!

O aquário onde vamos introduzir a arraia deve ter medidas especiais, pois as arraias necessitam de espaço para manobrar, nadar e crescer.

A largura deste aquário deve ser de pelo menos três vezes o diâmetro do disco de um exemplar adulto da espécie a ser introduzida e o comprimento deve ser equivalente a três vezes o tamanho total de um exemplar da mesma espécie quando adulto (disco + cauda).

Nunca utilize um aquário menor que 500l para criar uma arraia.

A altura do aquário não precisa ser muita, algo em torno de 50cm já é o bastante!

O substrato:

O substrato deve ser areia fina, quanto mais fina melhor, pois substrato de maior granulometria pode machucar a parte inferior do disco da arraia.

Embora muitos aquaristas não utilizem substrato em aquários com arraias, o ideal é fazer o uso da areia, pois determinadas espécies ingerem areia para auxiliar na digestão dos alimentos e todas as espécies de arraias gostam de se enterrar.

A decoração:

A decoração do aquário deve ser reduzida ao mínimo, pois quanto menos obstáculos para a arraia nadar pelo fundo, melhor para ela.

Caso sua decoração utilize troncos ou pedras, tome cuidado para os mesmos não terem pontas que possam vir a machucar a arraia.

Para aqueles que querem plantar no aquário, opte por plantas resistentes, pois as plantas devem ser bem fixadas e o aquário não pode fazer uso de substrato fértil, co2 ou forte iluminação.

A iluminação:

A iluminação do aquário deve ser amena, apenas o suficiente para se ver a arraia.

A química da água:

A água deve ser mole (menos de 10 DH), e o pH neutro para ácido (pH 7,2 ou inferior).

A temperatura:

A temperatura deve ser controlada, recomendo algo em torno de 26° Celsius.

É aconselhável colocar o aquecedor fora do aquário, caso o filtro seja um sump, assim pode-se evitar quebra do aquecedor ou que a arraia se queime ao encostar nele.

A filtragem:

Assim como qualquer grande peixe, as arraias de água doce têm a necessidade de uma filtragem muito eficiente, pois elas não suportam mesmo que em baixas concentrações a amônia e o nitrito. O nitrato não pode ter níveis superiores a 10ppm.

A oxigenação deve ser alta, por isso é altamente recomendado o uso de bombas de circulação e areadores.

As trocas parciais de água devem ser frequentes, no mínimo 25% do volume total do aquário por semana com o uso de água descansada e com condicionador para tirar o cloro e possíveis substâncias químicas contidas na água.

Deve-se evitar o acúmulo de sujeita no fundo do aquário ou restos de comida.

Devido ao hábito de se enterrar, os filtros biológicos de fundo não devem ser utilizados. Em vez disso a unidade de filtragem deve ter grandes dimensões, contendo muita mídia biológica, mecânica e química.

A vazão da filtragem deve ser de pelo menos 7 vezes o volume do aquário por hora, sem contar com as bombas internas de circulação.

Sistema para proteção contra a falta de energia e o uso de equipamentos em redundância é altamente recomendado.

Os peixes que dividirão o aquário com a Arraia também devem ser selecionados seguindo rigorosos critérios. Peixes agressivos que costumam morder as nadadeiras de outros peixes, como o Barbo Sumatra, Labeos entre outros devem ser evitados pois podem causar ferimentos no corpo da Arraia, o que poderá evoluir para uma infecção acompanhada de fungos, por outro lado, peixes muitos pequenos como Tetras certamente virarão alimento durante a noite, período em que a Arraia adora caçar. Acarás Disco entre outros peixes de médio e grande porte e agressividade baixa são boas opções.

Existem muitas pessoas que perdem suas arraias por elas serem importunadas por cecídeos ou cascudos que “beliscavam” seus discos.

O segredo é observar muito o aquário para descobrir as incompatibilidades de fauna, e se for preciso faça as alterações imediatamente, pois a insistência na incompatibilidade da fauna é a causa de muitas perdas.

Os espécimes:

As arraias conseguem respirar mesmo estando com as guelras voltadas para o fundo do aquário por meio de seus espiráculos (as aberturas atrás dos olhos), por meio deles a água é “bombeada” para fora das brânquias e boca e assim elas absorvem o oxigênio da água.

Uma observação importante em relação as arraias, é que seu ferrão localizado em sua calda, é venenoso e de tempos em tempos a arraia o troca, por isso não adianta arrancá-lo pois além de ser prejudicial ao animal, o mesmo irá crescer novamente. Por isso não coloque a mão na cauda da arraia. E se caso você levar uma ferroada, procure atendimento médico imediatamente.

A alimentação também é algo bastante delicado no caso das Arraias, elas raramente aceitam rações industrializadas, pode-se tentar adaptá-las aos poucos a aceitar rações para peixes de fundo, mas seu alimento predileto são os vivos, Tubifex, Minhocas  e pequenos peixes serão bastante apreciados, o animal pode ser condicionado a aceitar pequenos pedaços de peixe e camarão, mas sempre retirando os restos ao final da alimentação, para não poluir a água.

Quase todos os espécimes demoram um pouco para começar a se alimentar de forma mais voraz, não se desespere, pois é normal elas demorarem um pouco para começar a se alimentar com vigor.

Porém depois de acostumadas ao aquário elas tendem a comer muito.

Se por algum motivo uma arraia já ambientada parar de comer, faça todos os testes na água e mantenha a atenção redobrada.   

De inicio elas tendem a comer com mais facilidade minhocas, pequenos peixes mortos dados com o uso de uma pinça, peixes vivos e camarões vivos.

Alimente sua arraia uma vez por dia e em porções suficientes para elas se satisfazerem e não deixe sobras de alimento no aquário, retire o que ela não comer.

Tenha o cuidado de observar se o alimento está chegando para a sua arraia, pois como elas só comem o que está no fundo, muitas vezes os demais peixes comem tudo antes delas conseguirem se alimentar.

As arraias fêmeas tendem a ser bem maiores que os machos, atente-se a isso no momento da compra, pois o aquário deve ser compatível com tamanho máximo da espécie adquirida quando esta for adulta, e no caso a fêmea será significativamente maior.

A reprodução em cativeiro não é muito comum, mas o dimorfismo sexual é relativamente fácil, os machos possuem dois órgãos simétricos chamados clásper, junto às nadadeiras pélvicas, que são usados na cópula com a fêmea. A maioria das Arraias são ovovivíparas, mantém seus ovos dentro de uma espécie de útero onde os filhotes são alimentados por uma secreção produzida pela mãe.

A territorialidade:

Nunca presenciei atos de agressividade entre arraias, porém não recomendo exemplares com diferença de tamanho muito grande, pois já presenciei arraias menores que tiveram o disco “mastigado” por arraias maiores.

No geral, pode-se ter varias espécies de arraias no mesmo aquário, contanto que o espaço seja adequado e o tamanho dos exemplares quando adultos compatíveis.

Para os iniciantes o ideal é se ter um exemplar no aquário.

A introdução e aclimatação:

Embora tenham aparência robusta, as arraias são animais muito sensíveis, tanto na hora do manejo quanto nas variações da química da água. Apesar de sua pele ser espessa, a arraia sendo um peixe cartilaginoso não possui uma proteção tão grande a seus órgãos internos.

Em hipótese alguma a arraia deve ser comprimida, tanto pelo fato acima citado como pelo fato de elas terem um ferrão venenoso.

Em seu transporte a arraia deve ser colocada dentro de um saco reforçado(várias camadas) com água em abundancia e oxigênio, tudo isso dentro de um isopor para manter uma temperatura constante, protegê-la e reduzir o stress do transporte.

Antes de introduzir a arraia em seu aquário, o aquarista deve fazer a aclimatação do animal.

Vá adicionando gradualmente a água do aquário para o saco de transporte com o uso de uma mangueira bem fina para ela se acostumar com a química e temperatura da água do aquário que ela será introduzida, depois de 40 minutos aclimatando a arraia, transfira com muito cuidado a arraia para seu aquário.

As doenças:

Como todo peixe de aquário as arraias são suscetíveis a doenças, porém elas não toleram muitos tipos de medicamentos, por isso sempre que for constatada alguma anomalia, procure ajuda antes de medicar sem saber.

Hoje este tema é muito discutido em fóruns de discussão especializados, então pesquise para saber qual o tratamento mais adequado.

A aquisição:

Não compre indivíduos recém coletados, pois se eles não forem sobreviver, eles morrem dentro de uma ou duas semanas.

Cheque especialmente ao redor da boca e guelras na parte inferior do disco, pois não pode-se ter manchas de sangue, sinais de danos, infecções ou uma coloração muito avermelhada.

A parte de baixo do disco deve ser clara, a arraia não deve estar machucada e não deve possuir mutilações.

O animal deve estar comendo, não pode estar demasiadamente magro e com os "ossos" (cartilagem) marcando a pele.

Quanto a coloração na parte superior do disco, pode-se ter muitas variações, tanto entre espécies diferentes como indivíduos da mesma espécie, por isso fique atento para não levar uma espécie diferente da pretendida.  

As arraias de água doce precisam de muito espaço, boa qualidade de água, filtragem excelente, boa alimentação e muita dedicação do aquarista.

Ainda que os custos para manutenção sejam altos, pois mesmo que um exemplar não seja caro, a infraestrutura e manutenção para a criação de uma arraia sempre terá um custo alto. 

 



(Fotos extraídas do Google).

 

Fontes: 

https://www.aquaonline.com.br/artigos/saiba-mais-sobre-a-especie/1825-potamotrygon-sp-arraia-de-gua-doce

http://monster-aquarium.blogspot.com/2010/11/arraias-de-agua-doce-em-aquarios.html

https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/tede/4138?locale=pt_BR

 

 

 


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